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zweiguiana Alberto Dines in Morte no Paraíso No caso brasileiro, a carência documental foi primeiramente motivada pelas numerosas edições-pirata e, em seguida, pelas estranhas relações entre a Guanabara dos cunhados Weissman & Koogan e a empresa Irmãos Pongetti. Competiram acirradamente em torno de Zweig, mas a Guanabara utilizou em edições posteriores diversas traduções da rival). Em 1936, Zweig entregou a exclusividade da edição para o público brasileiro à Guanabara (sucedida pela Editora Delta e Delta-Larousse). Junto com o governo, a casa editora foi a anfitriã do escritor na gloriosa viagem ao Brasil naquele ano. Mas a Pongetti continuou a editá-lo até depois da tragédia de Petrópolis como atestam os anúncios promovendo alguns de seus títulos embora duplicassem as obras da Guanabara. O desaparecimento desta editora nos anos 60 perenizou o vazio informativo. Por outro lado, a comoção da opinião pública com o suicídio do escritor a partir de 1942, transformou o autor best-seller em cult. A Guanabara produziu sucessivas re-impressões das obras completas com diferentes apresentações sem atender aos mínimos requisitos catalográficos. O esmero das encadernações não evitou que se multiplicassem erros nas re-impressões daquela que se chamou de Edição Uniforme das Obras de Stefan Zweig: quando Momento Supremo apareceu com este título (1940) incluía apenas seis miniaturas históricas, mas nas reedições passou para treze, sem qualquer aviso aos leitores. Jeremias, último volume da coleção, escrito em 1917 e lançado postumamente no Brasil (cerca de 1943) só a partir da re-impressão de 1953 passou a incluir como apêndice dois outros textos teatrais de Zweig. Em algumas re-impressões, o adendo mencionado na folha de rosto estava ausente do corpo do livro. As menores dimensões do mercado português e o comportamento menos agressivo da Livraria Civilização (Porto) não evitaram que as informações sobre a zweiguiana lusa também fossem imprecisas embora fossem fornecidas as informações sobre a data da publicação e a quantidade de reedições do volume em questão. Consigne-se um louvor ao jornalista D’Almeida Vitor, autor de um pequeno trabalho de divulgação em seguida à repercussão da visita de 1936. O seu Stefan Zweig, o Homem e a Obra (Cultura Moderna, S.Paulo, Maio de 1937), apesar das limitações oferece uma sucinta indicação das obras de Zweig publicadas no Brasil até 1936. Extraído do livro "Morte no Paraíso", de Alberto Dines |