Gleiwitz, Silésia, hoje Gliwice, Polônia, 1897 — Toscana, Itália, 1995

 

Editor

 

Um dos maiores editores alemães de todos os tempos, Gottfried Bermann serviu como oficial na Primeira Guerra Mundial antes de estudar Medicina e trabalhar como assistente cirúrgico. Casou-se em 1926 com Brigitte Fischer, filha do editor Samuel Fischer, que estimulou o genro a entrar para sua editora – à época, a maior da Alemanha no gênero ficção. Três anos depois Bermann já era gerente-geral e fundou em 1932 uma sociedade para direitos editoriais na Suíça, através da qual conseguiu proteger muitos autores de abusos por parte dos nazistas.

 

Muitos títulos da editora foram vítimas da queima de livros promovida pelo regime hitlerista em 1933. Samuel Fischer morreu em 1934 e, no ano seguinte, Bermann resolveu cindir a empresa, deixando parte na Alemanha sob a direção de Peter Suhrkamp e transferindo a outra parte, com os autores mais polêmicos, para Viena, onde passou a morar com a mulher e as três filhas. Ali conseguiu reeditar obras de autores já proibidos, como Thomas Mann, Hugo von Hofmannsthal, Hermann Hesse, Mechtilde Lichnowsky e Carl Zuckmayer, até ser obrigado a fugir para a Suíça via Itália e, depois, para a Suécia, onde sediou sua editora Bermann-Fischer. Na Suécia, publicou obras de autores alemães e austríacos como o próprio Stefan Zweig. Mas quando até na Suécia surgiu uma atmosfera de simpatia pelo regime nazista e Bermann chegou a ficar preso durante cinco semanas, a família emigrou para os Estados Unidos em 1940. A edição alemã de Brasil, um país do futuro ainda saiu em Estocolmo pela Bermann-Fischer Verlag em 1941.

 

Depois da Segunda Guerra Mundial Bermann-Fischer voltou a dirigir a editora em Estocolmo, a partir de 1948 junto com Fritz H. Landshoff, diretor de um departamento da Editora Querido (1933–1940), de Amsterdã, igualmente dedicada à difusão dos autores perseguidos pelo nazismo. Quando Bermann voltou para a Alemanha, em 1950, rompeu definitivamente com Peter Suhrkamp, que conseguira manter a empresa durante todo o regime nazista e chegou a ser internado em um campo de concentração. Os autores precisaram se decidir entre as editoras Bermann-Fischer e Suhrkamp.

 

Gottfried Bermann Fischer aposentou-se em 1963, dedicando o seu tempo à prática do tênis, à escultura e à pintura. Em sua última entrevista, declarou: “Minha missão de vida se dividiu entre dois deveres: manter viva a editora e dirigi-la conforme a tradição e proteger a minha família de ser aniquilada pelo regime nazista. O fato de ter conseguido as duas coisas me enche de gratidão infinita”. Gottfried Bermann-Fischer morreu na Toscana aos 98 anos de idade. Está enterrado no Cemitério Judaico de Berlim-Weissensee.

 

Até 2014, quando a obra de Zweig caiu em domínio público, a S.Fisher Verlag manteve a exclusividade de publicação no idioma alemão e, mesmo depois, continua sendo a principal divulgadora da correspondência, diários e biografias.

 

Endereço na Agenda: Verlag: s.L.B. Fischer Publ. Corp. Old Greenwich, Conn. Tel. Old Greenwich 7-0409