Neuilly-sur-Seine, França, 1881 — Bellême, França, 1958

 

Romancista, Prêmio Nobel de Literatura

 

Descendente de família de advogados e magistrados católicos e conservadores, teve sua vocação precoce de escritor despertada pelo romance Guerra e paz, de Tolstói. Mesmo assim, formou-se arquivista e paleógrafo na tradicional École des Chartes. Sua preocupação em registrar os detalhes e as relações entre a realidade social e o desenvolvimento das pessoas marcou seu posto como herdeiro do realismo e do naturalismo do século XIX. Ocupou-se também do caso Dreyfus no romance em forma de diálogo O drama de Jean Barois. Em 1920 começou a conceber o plano de um amplo romance de família intitulado Les Thibault.

 

Em 1935 esteve com Zweig em Nice. Em 1936 saiu o volume L’Été 1914, sobre o qual Zweig escreveu um ensaio que os aproximou ainda mais. A intensificação da amizade coincidiu com o progressivo afastamento do mestre, Romain Rolland. A análise clara da situação do mundo antes da eclosão da guerra e a tendência pacifista da obra renderam a Du Gard o Nobel de Literatura de 1937.

 

Du Gard e Zweig encontraram-se pela última vez em abril de 1940, na casa de Julien Cain (onde também estava Paul Valéry), quando Zweig foi a Paris para fazer conferências em teatros e no rádio. Em 1941, a Editora Globo de Porto Alegre convidou du Gard a estabelecer-se no Brasil e lhe ofereceu um estipêndio mensal. O romancista preferiu ficar sitiado pelos nazistas em Nice a aventurar-se pelo desconhecido. Uma carta de du Gard para Zweig em Petrópolis no início de janeiro de 1942 contribuiu, de certa forma, para consolidar a decisão do suicídio. Zweig mencionou-a com emoção durante algumas semanas para diversos interlocutores e correspondentes. O amigo previu uma nova ordem onde a geração deles nada teria a acrescentar. Zweig deu-lhe razão ao dizer “devemos desaparecer do cenário”.

 

Terminado o conflito mundial, du Gard afastou-se da vida literária parisiense e caiu no esquecimento. Mas ainda viveu o bastante para ver a publicação de sua obra completa com um prefácio elogioso de Albert Camus na clássica Bibliothèque de la Pléiade, em 1955.

 

Endereço na Agenda: Grand Palais, 2 Boulevard de Cinnez (?), Nice